quinta-feira, 21 de março de 2013

USP migra para a cloud computing privada

Com tecnologia Citrix, instituição cria sua própria nuvem, visando alavancar projetos acadêmicos e científicos, além de criar flexibilidade para a administração da Universidade.


Quando pensamos em instituições públicas, logo nos lembramos das movimentações lentas em direção a investimentos e evolução de sistemas de tecnologia. Talvez por essa característica peculiar do segmento como um todo, o novo projeto de TI da USP, que migrou grande parte de seus sistemas para a nuvem, coloca a universidade numa posição de destaque, tanto no setor educacional quanto no mercado em geral.

A síntese do problema que a Universidade enfrentava para levar parte de seus sistemas para a nuvem é bastante comum para muitas empresas: falta de agilidade e flexibilidade na hora de inovar, gastos com infraestrutura, falta de alinhamento entre atualizações de softwares no parque de hardware instalado, nada de escalabilidade.

Talvez um das maiores necessidades da USP em relação a sua infraestrutura de tecnologia estivesse na hora da implementação de projetos científicos acadêmicos, onde o docente responsável pela orientação de um projeto ficava travado na requisição de orçamento e equipamento para dar o ponta pé inicial a um trabalho, relata Cyrano Rizzo, gerente de infraestrutura de TI corporativa e de computação em nuvem da USP, e responsável pelo projeto na instituição. Mas vamos por partes.

O desafio, como proposto inicialmente, era preparar uma infraestrutura de data center estável, seguro e escalável para suportar as demandas administrativas, educacionais e de pesquisa. A ideia era prover serviços por meio de uma interface web, para que as unidades, departamentos e laboratórios pudessem gerir servidores, storage e rede através de um portal. “Há também a questão da liberdade para que os profissionais que compõem os times administrativos, docentes e pesquisadores pudessem criar seus ambientes computacionais sem burocracia para compra dos equipamentos, implementação das caixas e soluções”, pontua.

O projeto teve início em julho de 2012, com a implementação física realizada em outubro e testes e laboratórios iniciados no mesmo mês. No dia 25 de janeiro deste ano, o sistema entrou no ar, funcionando desde o início das atividades acadêmicas em 2013. Foram direcionados para a aquisição e atualização dos sistemas da USP R$ 100 milhões, que se dividiram, entre outras coisas, na aquisição de tecnologias capazes de realizar a virtualização de novas máquinas, assim como gerar as conectividades que caracterizam a cloud computing, além de sistemas para assegurar tráfego de dados. Outros R$ 100 milhões foram usados para a atualização do parque de desktops, switches de rede – assim como toda a infra de networking -, entre outras coisas, revela Rizzo.

O principal motor por trás de todo o projeto foi a parceira com a Citrix. De acordo com o gerente, a companhia foi selecionada por atender a diferentes necessidades pontuadas para o projeto, mas, principalmente, por criar um ambiente “abrangente e flexível” para a comunicação entre as máquinas virtuais com os data centers (um em Barueri e outro na Cidade Universitária, ambos em São Paulo).

A Citrix apresentou uma solução que abrange desde o Sistema Operacional Hypervisor XenServer, conectado ao Cloud Platform, para a criação e disponibilização das máquinas para usuários, e o Cloud Portal, sistema web para interação do usuário na nuvem.

A Solve System, parceira da fabricante, foi a responsável por colocar “a mão na massa”. “Além de transferir os dados dos desktops para as máquinas virtuais, substituindo os hardwares convencionais por thin clients, eles também auxiliaram na identificação de demandas para migração de informações e no escopo de evolução do projeto”, acrescenta Rizzo.

A nuvem da USP suporta os órgãos que centralizam os sistemas de computação da USP, divididos no Centro de Computação e Eletrônica (CCE), no campus de São Paulo; Centro de Informática do campus “Luiz de Queiroz” (Ciagri), em Piracicaba; Centro de Informática de São Carlos (Cisc); Centro de Informática de Ribeirão Preto (Cirp); e em Centros de Processamento de Dados (CPDs) de algumas unidades da Universidade, construídos para suprir necessidades específicas.

“A nova infraestrutura possibilita, por exemplo, a criação de políticas de home office, algo que não existe na USP, mas que agora pode começar a ser pontuada”, observa o gerente, que afirma estar prevista a integração do ERP da instituição à nuvem. “O sistema de gestão foi desenvolvido internamente, mas ainda não foi integrado. Porém, acredito que o processo de adaptação não será crítico (em relação à continuidade dos serviços).”

A cloud computing privada da USP também opera no modelo IaaS que será, em suma, parte essencial para potencializar o desenvolvimento de novas pesquisas e projetos na instituição. “Não há cobrança, o serviço é contínuo. Basta alocar o espaço necessário. Não é necessário fazer solicitação de orçamento com explicações complexas do direcionamento dos gastos. A bilhetagem, agora, é mais para o controle do orçamento dos projetos”, conta Rizzo.

Outros benefícios: no uso administrativo, estão englobados serviços de endereço eletrônico, pagamentos, recursos humanos, gerenciamento de disciplinas e notas, emissão de diplomas e certificados, convênios e contratos. Em âmbito educacional, a nuvem USP abrigará os serviços voltados à graduação, pós-graduação, pesquisa e extensão universitária, com conteúdos educacionais e digitalização e disposição online dos acervos de suas bibliotecas e museus. Em questões cintíficas, os serviços serão voltados à atividade de investigação científica, tanto com ênfase no armazenamento massivo de dados quanto no processamento computacional intensivo. Dentro do conceito do e-science, a Nuvem USP permitirá, por exemplo, a coleta de informações, de forma mais ágil, para os rankings internacionais de avaliação de universidades, explica a instituição.

Pensando em colaboração, a plataforma prevê ainda o acesso a redes sociais e outras formas de integração, além do compartilhamento de documentos entre professores e alunos sem o uso de anexos.

“É um grande avanço para a Universidade de São Paulo”, nota o gerente. “Buscamos por algo amigável para o usuário. Nossa nuvem é compatível para “N” sabores. Trabalhamos, em massa, com o Windows, mas agora há a possibilidade de escolher por usar a plataforma aberta da Red Hat, por exemplo”, analisa.Para ressaltar, os alunos só terão acesso à nuvem da USP se fizerem parte de um projeto de desenvolvimento cientifico acadêmico. “Demos um salto em nossa forma de pensar em tecnologia, o que nos abre novas portas e frentes de possibilidades”, conclui Rizzo.

Fonte: http://informationweek.itweb.com.br


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